João Pessoa, a capital onde o sol nasce primeiro e o trânsito se arrasta por último. A beleza de suas praias e a tranquilidade que a Paraíba promete são constantemente ofuscadas por um problema que se agravou nos últimos anos, transformando o deslocamento diário em um verdadeiro ato de paciência e coragem: o caos do trânsito.
O que antes era restrito a dias de festa ou grandes acidentes, hoje é a rotina. Motoristas e passageiros enfrentam, a qualquer hora do dia e parte da noite, congestionamentos que dobraram o tempo de percursos outrora rápidos. Trajetos que levavam 10 minutos, agora consomem 20 ou mais, gerando estresse, atrasos e um impacto direto na qualidade de vida da população
A raiz da problemática é multifatorial, refletindo um descompasso entre o crescimento urbano e o planejamento de mobilidade:
Crescimento Desordenado da Frota: A cidade cresceu de forma acelerada, mas a estrutura viária não acompanhou o aumento exponencial do número de automóveis. Com uma frota ultrapassando as 450 mil unidades, as ruas se tornaram pequenas demais para tantos carros
Infraestrutura Defasada: A falta de sincronização eficiente nos semáforos é um ponto crítico, gerando engarrafamentos em série entre um trecho e outro dos corredores principais. É a engenharia de trânsito sem saber o que fazer.
A escassez de rotas alternativas e projetos de curto prazo deixa os motoristas reféns dos corredores principais, que frequentemente ficam bloqueados em diversos pontos da cidade.
Além dos problemas estruturais, o fator humano contribui para o caos, com motoristas que desrespeitam a fluidez, param o trânsito em locais indevidos ou praticam manobras arriscadas, culminando em acidentes.

Corredores importantes, como as avenidas principais que ligam a zona sul ao centro, são frequentemente citados por moradores, que já pensam em mudar de bairro para fugir do estresse diária.
A Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana (Semob-JP) tem implementado ações para tentar aliviar a pressão nas vias, focando em intervenções e tecnologia.
Projetos como os binários na orla do Bessa e alterações de sentido em ruas no Jardim Oceania e Tambiá visam reorganizar o fluxo e trazer mais agilidade.
No âmbito da Câmara Municipal, têm surgido propostas como a implantação de semáforos inteligentes e mudanças na remuneração do transporte coletivo, sinalizando a urgência em adotar soluções mais inovadoras e tecnológicas.

Obras de mobilidade urbana estão em curso, prometendo mudanças importantes, embora causem transtornos temporários.
Apesar dos esforços, especialistas e a população alertam que o caminho para a resolução é longo e exige um planejamento de longo prazo, focado não apenas na circulação dos carros, mas na integração de modais mais sustentáveis, como o incentivo ao transporte público de qualidade e o aumento seguro das faixas para ciclistas.
O aviso é grave: se nada for feito em uma escala maior e mais integrada, o alerta de especialistas de que “em cinco anos ninguém vai conseguir trafegar” pode se tornar uma realidade sombria para a capital paraibana. A cidade clama por socorro, exigindo uma solução que vá além do asfalto, abraçando uma verdadeira revolução na mobilidade urbana.





