Condenado por homicídio da defensora pública Fátima Lopes, em 2010 em João Pessoa (PB), figura em investigação da “Máfia dos Concursos”

O psicólogo Eduardo Paredes, reincidente em tragédias judiciais, aparece no inquérito da Operação Última Fase por suposta fraude no Concurso Nacional Unificado

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O nome do psicólogo Eduardo Henrique Paredes do Amaral está entre os alvos da recente ofensiva da Polícia Federal contra um esquema de fraudes em certames públicos, a chamada “Máfia dos Concursos”. Segundo apurações, Paredes teria sido favorecido em prova do Concurso Nacional Unificado (CNU), cuja aprovação para o cargo de Auditor Fiscal do Trabalho em 2024 chamou atenção.

De acordo com o relatório da PF, o gabarito de Eduardo é idêntico ao de outros dois investigados na Operação Última Fase, coincidência considerada estatisticamente improvável pelos peritos. Além disso, autoridades encontraram uma transferência bancária dele para Laís Giselly, apontada como integrante da organização criminosa.

A investigação, que teve como ponto de partida indícios de irregularidades no CNU e outros certames, revela prática sistemática: uso de pontos eletrônicos implantados cirurgicamente, acesso antecipado aos gabaritos, dublês em provas e uma rede que cobrava valores que variavam entre R$ 100 mil e R$ 500 mil por vaga.

O grupo, com núcleo em Patos (PB), atuava há mais de dez anos, segundo a PF, e envolvia familiares que ocupavam funções distintas no esquema de fraude.  Nomes citados incluem Allyson Brayner, Mylanne Beatriz Neves, Janaína Carla Nemésio, Aially Soares Xavier, Júlio Cesar Martins Brilhante e Isabelle Nayane, entre outros.

As provas recolhidas abrangem laudos periciais, interceptações telefônicas, quebra de sigilo bancário e rastreamento de movimentações financeiras incompatíveis com rendimentos declarados.

O crime que trouxe notoriedade

O caso que projetou Eduardo Paredes ao noticiário oilicial foi a morte da defensora pública Fátima Lopes, ocorrido em 2010, em João Pessoa (PB). Na ocasião, o psicólogo ultrapassou sinal vermelho em alta velocidade e colidiu com o veículo em que ela estava. O episódio gerou comoção local e nacional.

Condenado por homicídio doloso e lesão corporal, ele cumpre pena de 12 anos em regime fechado. Há, ainda, processo relacionado a outro atropelamento que teria cometido meses depois, também em João Pessoa.

Cenário de desdobramentos

  • A Operação Última Fase já cumpriu mandados de prisão preventiva, busca e apreensão em múltiplos estados, com alvos inclusive em Recife, Patos e outras localidades.

  • Candidatos que tomaram posse com base nas aprovações suspeitas podem ter suas nomeações suspensas ou anuladas enquanto perdurar a investigação.

  • O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) afirmou que acompanha o caso e pode adotar medidas administrativas cabíveis caso haja confirmação de fraude.

  • As defesas dos investigados tendem a argumentar que as acusações se baseiam em indícios e aguardam a fase de instrução para demonstrar ausência de vínculo com o esquema.

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