Cade reabre investigação sobre compra da farmácia Cuidamos pelo Mercado Livre após denúncia da Abrafarma

Associação Brasileira das Redes de Farmácias questiona omissão de informações sobre atuação no varejo de medicamentos; Mercado Livre defende legalidade e nega irregularidades em novo procedimento do Cade.

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O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) decidiu reabrir a investigação acerca da aquisição da farmácia Cuidamos pelo Mercado Livre, após denúncia da Associação Brasileira das Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma). A nova apuração visa apurar se o marketplace omitiu informações relevantes ao afirmar que não tinha intenção de atuar diretamente no varejo de medicamentos, conforme havia declarado no processo inicial de aprovação.

O despacho que reabre o caso cria um procedimento separado para examinar trocas de e-mails entre o Cade, a Abrafarma, o Mercado Livre e a própria farmácia adquirida. Caso fique comprovado que o Mercado Livre foi impreciso ou deixou de declarar dados essenciais, a decisão que liberou a compra poderá ser revertida, além da possibilidade de multa para a empresa.

A Abrafarma sustenta que a entrada do Mercado Livre em um segmento regulado pela Anvisa foi disfarçada pela aquisição da farmácia, ressaltando a preocupação com a atuação do gigante do e-commerce no setor farmacêutico. Já o Mercado Livre reafirma que sua atuação está restrita à intermediação na venda de medicamentos e que sempre respeitou as leis vigentes. Em nota, a empresa esclareceu que o procedimento atual do Cade trata-se apenas de uma análise de informações e não da reabertura formal do processo de compra.

O conselheiro Gustavo Augusto acompanha o caso, que reacende a tensão entre o órgão regulador e o setor farmacêutico tradicional, em meio a uma crescente disputa pela digitalização e modernização do comércio de medicamentos.

A compra da Cuidamos Farma pelo Mercado Livre já havia sido aprovada sem restrições pelo Cade em setembro, com base no entendimento de que o marketplace não possui farmácias físicas nem atua diretamente no varejo farmacêutico e, portanto, a operação não compromete a concorrência.

O Mercado Livre reforçou ainda que sua estratégia não inclui criação de rede própria de farmácias ou serviços de telemedicina, mas sim a atuação integrada com parceiros, e que o processo respeita a RDC 44/2009 da Anvisa, que regula o comércio de medicamentos no Brasil. A companhia manifestou disposição para colaborar com órgãos reguladores na atualização do marco legal para o comércio digital de medicamentos, buscando garantir segurança e acessibilidade para os consumidores.

Esta reabertura do processo pelo Cade terá impacto significativo no futuro das operações de marketplaces no setor regulado, consolidando-se como um caso emblemático da transição do varejo farmacêutico para o ambiente digital no Brasil.

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