Durante o intervalo de uma sessão no Supremo Tribunal Federal, um confronto acalorado entre os ministros Gilmar Mendes e Luiz Fux revelou tensões internas que podem impactar a coesão do tribunal em momentos decisivos. O desentendimento ocorreu na sala de lanches da Corte, onde Gilmar Mendes teria chamado Fux de “figura lamentável”, sugerindo que ele “precisa de terapia para superar traumas”. O embate incluiu troca de ofensas e teve como estopim críticas ao voto de Fux no julgamento da tentativa de golpe, em que o ministro divergiu da maioria e votou pela absolvição do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Gilmar Mendes, crítico consistente de qualquer relativização do episódio envolvendo atos golpistas, contestou veementemente a posição de Fux, destacando a incoerência de absolver o ex-presidente enquanto condenava seus auxiliares. Para Gilmar, essa contradição não se sustenta juridicamente. Já Fux, ao justificar seu voto, afirmou ter o direito de expressar livremente suas convicções, intensificando o racha entre os dois.
Esse atrito não é isolado. Desde 2023, os embates entre os ministros são frequentes, refletindo divergências profundas em temas críticos, como o juiz de garantias, julgamento no qual Gilmar acusou Fux de obstrução política, enquanto este alegava restrições técnicas para a adoção do modelo.
Ministros do STF observam com preocupação o desgaste da imagem institucional diante deste conflito, sobretudo pela crescente distância de Fux em relação aos integrantes da Primeira Turma, responsável pelos casos criminais. O episódio evidencia uma Corte dividida, na qual a busca pela unidade institucional enfrenta um desafio diante de questões jurídicas e políticas que polarizam até mesmo seus mais altos integrantes.
Procurados, os gabinetes dos dois ministros não emitiram comentários oficiais sobre o ocorrido. O futuro próximo reserva julgamentos de impacto nacional, período em que a estabilidade do Supremo será minuciosamente observada.