O cenário político do Rio de Janeiro foi abalado nesta quarta-feira (3) com a prisão do presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), o deputado estadual Rodrigo Bacellar (União Brasil), pela Polícia Federal (PF). A detenção, que se deu no âmbito da Operação Unha e Carne, ocorre sob a grave suspeita de que Bacellar teria vazado informações sigilosas da Operação Zargun, que levou à prisão do então deputado Thiego Raimundo dos Santos, o TH Joias, em setembro. Segundo a PF, a ação do agente público obstruiu a investigação, que apurava ligações de grupos criminosos com agentes públicos.

Eleito para seu segundo mandato em 2022 pelo PL com expressivos 97.822 votos, Bacellar consolidou seu poder ao ser reeleito por unanimidade presidente da Casa em 2025. O político, natural de Campos dos Goytacazes, havia trilhado uma trajetória de ascensão, incluindo uma passagem como Secretário de Estado no governo do Rio.
Contudo, sua carreira é marcada por controvérsias para além do caso recente. A partir de 2023, o deputado passou a ser alvo de investigações do Ministério Público por suspeita de enriquecimento ilícito e incompatibilidade patrimonial.
O inquérito do MP-RJ aponta para relações financeiras obscuras envolvendo o parlamentar e o advogado Jansens Calil Siqueira, também de Campos dos Goytacazes. A cobertura de alto padrão onde Bacellar reside, em Botafogo, na Zona Sul do Rio, estaria registrada em nome do advogado, sendo alugada por um valor bem abaixo do preço de mercado.
Além disso, a dupla é apontada como sócia em um frigorífico em Campos. Para a construção deste megaempreendimento, a empresa ligada ao advogado obteve um empréstimo junto à AgeRio (Agência de Fomento do Estado do Rio). A celeridade na obtenção da licença ambiental para o frigorífico também levantou questionamentos. Tais fatos compõem o quadro de uma investigação mais ampla sobre a evolução patrimonial do presidente da Alerj.
A prisão de Bacellar faz dele o segundo presidente da Alerj a ser detido no exercício do mandato. O caso anterior foi o do então presidente Jorge Picciani, preso em 2017 durante a Operação Cadeia Velha, reforçando um histórico de instabilidade e acusações graves no topo do poder legislativo fluminense.
Em meio às investigações, o mandado de prisão preventiva e os de busca e apreensão foram expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), sublinhando a seriedade das acusações de obstrução de Justiça em um caso de repercussão nacional.





