A capital paraibana torna-se, a partir desta semana, o epicentro de uma expressão artística que recusa as amarras acadêmicas para celebrar a crueza do olhar. O Festival Internacional de Arte Naïf (FIAN) desembarca no emblemático Hotel Globo, no Centro Histórico, trazendo consigo uma curadoria que desafia a lógica da globalização estética ao privilegiar a identidade local e a espontaneidade técnica.

O festival carrega em seu DNA a itinerância. Nascido em Guarabira e com passagens por polos como Brasília e Fortaleza, o FIAN chega a João Pessoa com uma robustez impressionante: são 96 obras que compõem um mosaico de 20 estados brasileiros e 13 nações, incluindo nomes da França, Alemanha, México e Argentina.
A exposição não se limita à pintura convencional. O público encontrará uma investigação tátil e visual através de bordados, aplicações têxteis e a força gráfica da xilogravura, tudo sob o conceito de tema livre, o que permite um diagnóstico fiel das obsessões e belezas de cada artista participante.

A cerimônia de abertura, marcada para as 16h desta sexta-feira (19), propõe um diálogo entre as artes visuais e a música erudita. A Camerata Parahyba, sob a batuta do violinista Rucker Bezerra, será a responsável pela trilha sonora do evento, integrando o projeto Sol Maior. É o encontro do rigor técnico musical com a liberdade instintiva das artes plásticas.

A mostra permanece em cartaz até o dia 30 de janeiro de 2026, com acesso gratuito. Mais do que uma simples visita contemplativa, o festival oferece uma oportunidade de entender como a “arte ingênua”, termo que, ironicamente, carrega enorme complexidade social, consegue conectar a Paraíba aos fluxos artísticos internacionais contemporâneos.





