​A Diplomacia do Açaí: Casa Branca zera sobretaxas e sela trégua comercial com o Brasil

​Em guinada pragmática após telefonema entre Trump e Lula, Washington elimina tarifa extra de 40% sobre agronegócio brasileiro; medida tem efeito retroativo e prevê reembolso.

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A barreira tarifária que tensionava as relações comerciais entre Brasília e Washington desmoronou nesta quinta-feira (21). Em um movimento que surpreende analistas pelo ritmo acelerado de descompressão, a Casa Branca formalizou a isenção total da tarifa extra que incidia sobre produtos estratégicos da pauta de exportação brasileira. A decisão, assinada por Donald Trump, não apenas elimina a cobrança, mas sinaliza uma reconfiguração no diálogo bilateral.

O decreto enterra a alíquota de 40% que pesava sobre commodities e produtos de alto valor agregado, como carnes, café, castanhas e o açaí, este último, símbolo da penetração de produtos amazônicos no mercado norte-americano. A medida tem efeito retroativo: mercadorias que cruzaram a fronteira dos EUA a partir de 13 de novembro já estão livres do custo adicional.

​A volatilidade marcou as negociações recentes. Até a semana passada, o cenário era de protecionismo agressivo, com taxas que orbitavam os 50%. Um recuo inicial para 40%, anunciado previamente por Trump, foi lido pelo mercado como um gesto tímido, no entanto, zera o jogo.

O documento oficial da Casa Branca cita explicitamente o Decreto Executivo 14.323 como o instrumento que regulava o imposto agora suspenso. Mais do que uma benesse econômica, a “canetada” é política. O texto atribui a mudança de curso diretamente a uma articulação de alto nível: um telefonema ocorrido em 6 de outubro entre Donald Trump e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

​A isenção revela que, a despeito das distâncias ideológicas, o pragmatismo comercial prevaleceu no Salão Oval. Para o agronegócio brasileiro, a notícia chega como um alívio imediato de caixa e competitividade. Para os consumidores norte-americanos, pode significar uma contenção de preços na gôndola em meio a pressões inflacionárias internas.

O comunicado emitido por Trump vai além da simples isenção futura e aborda o passivo recente. A Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA (CBP) foi instruída a operar reembolsos para exportadores que tenham pagado as tarifas agora invalidadas, seguindo os ritos da legislação aduaneira vigente.

O gesto de Washington sugere que, pelo menos no front agrícola, a bandeira branca foi hasteada. Resta saber se a isenção é pontual ou se inaugura um novo ciclo de estabilidade para o comércio hemisférico.

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