Teste de DNA presidencial: a surpreendente jogada Bolsonarista para 2026

​Flávio na ponta da lança: o mercado em pânico e o dilema do Centrão diante do "Blefe do Banho de Urna"

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O xadrez eleitoral de 2026 ganhou uma peça inesperada e de alto risco: o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), ungido, segundo ele próprio, pelo patriarca Jair Bolsonaro como o nome do clã para a disputa presidencial. O anúncio, feito de forma quase informal nas redes sociais após um encontro familiar, reverberou na Esplanada e, mais dramaticamente, na B3, provocando um verdadeiro dia de fúria no mercado financeiro.

A mera menção ao nome de Flávio, carregando a força e a rejeição do sobrenome, fez o Ibovespa despencar 4,31%, o maior tombo diário desde 2021, em um pânico generalizado. Os gigantes bancários, termômetros da confiança econômica, perderam mais de R$ 50 bilhões em valor de mercado, e o dólar voou alto, fechando a R$ 5,4318, em uma clara manifestação de receio do investidor.

A avaliação nos centros de operação é fria e pragmática: uma candidatura de Flávio é vista como menos competitiva do que a de nomes mais “palatáveis” ao centro, como o governador paulista Tarcísio de Freitas (Republicanos) ou Ratinho Junior (PSD). A alta rejeição intrínseca à marca Bolsonaro fortaleceria o presidente Lula (PT) em sua provável busca pela reeleição.

E é aí que reside o medo do mercado. Em um eventual quarto mandato, a aposta dos operadores é que o PT teria pouquíssimos incentivos para perseguir a tão sonhada disciplina fiscal, abrindo caminho para o agravamento da espiral da dívida pública, já perigosamente próxima de 80% do Produto Interno Bruto (PIB). O dilema do investidor é claro: o risco Bolsonaro é imediato; o risco de um Lula mais à vontade fiscalmente, de longo prazo.

Nos bastidores da política paulista, a notícia foi recebida com um misto de ceticismo e ironia. Aliados de Tarcísio veem o movimento como um “balão de ensaio” ou, mais pejorativamente, um “blefe” da família para forçar o governador a aceitar condições que ele já rechaçou publicamente: um vice com o sobrenome Bolsonaro ou a filiação ao PL.

O temor do staff de Tarcísio é que aceitar um vice da família transformaria o governador em uma espécie de “marionete” na narrativa petista, elevando seu índice de rejeição e o risco de derrota. A filiação ao PL, comandado por Valdemar Costa Neto, que prontamente corroborou a “escolha”, segue fora do radar do Republicanos, que já se prepara para estruturar a campanha do governador.

Dirigentes do centro-direita veem o movimento como um teste: Jair Bolsonaro estaria medindo a temperatura da chapa Flávio antes de, quem sabe, manifestar apoio incondicional a Tarcísio. É um jogo de pressão onde a capacidade de Flávio de “agregar o centro” é amplamente questionada.

O ruído da polarização gerado pelo anúncio não passou despercebido. Horas depois, o presidente do União Brasil, Antonio Rueda, utilizou as redes sociais para enviar um recado cifrado: “Os últimos acontecimentos apenas reforçam o que sempre defendemos: em 2026, não será a polarização que construirá o futuro,” escreveu ele, defendendo um projeto que “una forças” em torno de um plano “sério e responsável.”

O recado é um eco da preocupação de caciques como Gilberto Kassab (PSD), que, apesar de uma trégua recente com o clã, já alertou Tarcísio para não “exagerar” nos gestos ao bolsonarismo, sob pena de perder a atração necessária para costurar uma aliança de centro. A jogada de Flávio, proposital ou não, conseguiu o que poucos esperavam: injetar mais incerteza no futuro imediato do Brasil, seja ele político ou econômico.

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