Paralisação de caminhoneiros divide a categoria em meio a acusações de uso político

​Principais entidades rejeitam movimento convocado por Aalados de Bolsonaro e alertam para o risco de bloqueios pontuais nas estradas

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A convocação para uma paralisação nacional de caminhoneiros, marcada para esta quinta-feira (4), tem gerado um racha profundo na categoria e levantado sérias dúvidas sobre a real dimensão e natureza do movimento. Lideranças de peso, como as ligadas à Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL), repudiam a iniciativa, classificando-a como um ato de “manipulação política” que desvirtua as legítimas pautas trabalhistas.

O movimento é articulado por figuras como Chicão Caminhoneiro, representante da União Brasileira dos Caminhoneiros (UBC), e conta com o suporte do desembargador aposentado Sebastião Coelho, notório aliado de Jair Bolsonaro. Apesar de Chicão focar em reivindicações da classe, como a estabilidade contratual, a reestruturação do Marco Regulatório do Transporte de Cargas e a aposentadoria especial, a presença de Coelho e suas declarações prévias injetam um forte componente político na mobilização.

​Sebastião Coelho, inclusive, não hesitou em vocalizar que o objetivo primordial do protesto é a “anistia ampla, geral e irrestrita” para os envolvidos nos atos de 8 de janeiro e para o ex-presidente. Essa agenda pró-Bolsonaro é o cerne da discórdia.

​A Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) e a Federação dos Caminhoneiros Autônomos do Estado de São Paulo (Fetrabens) também negaram qualquer adesão ou envolvimento na organização, reforçando o isolamento da ala convocadora.

O líder da CNTTL, Wallace Landim (o “Chorão”), criticou duramente a ação, expondo a percepção de que se trata de uma “ação política pró-Bolsonaro” que utiliza as demandas da categoria apenas como fachada. A baixa adesão em massa é o cenário mais provável, com a UBC estimando um engajamento inicial de apenas cerca de 20% da categoria.

No entanto, há um alerta persistente: mesmo com a falta de consenso e o esvaziamento do apoio das grandes entidades, os organizadores, como Chicão Caminhoneiro, advertem para o risco de grupos tentarem bloquear trechos rodoviários, o que poderia afetar pontualmente o fluxo nacional de cargas e o direito constitucional de ir e vir. Landim e outros líderes da categoria, contudo, instam os profissionais a manterem a cautela e a legalidade, evitando qualquer interrupção do trânsito.

A dinâmica revela a fragilidade política de um segmento historicamente capaz de impactar a economia nacional, mas que agora se vê dilacerado entre pautas legítimas de trabalho e agendas ideológicas.

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