O pântano no cartão postal de Campina Grande (PB): o Açude Velho e a urgência da dragagem

​Poluição e assoreamento transformam símbolo de Campina Grande em foco de mau cheiro, exigindo intervenção imediata para reverter a degradação ambiental.

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O Açude Velho, em Campina Grande (PB), está perdendo seu brilho como principal cartão postal da cidade. Visitantes e residentes expressam crescente preocupação com o estado do reservatório, que se tornou um foco de poluição, com mortandade de peixes e acúmulo de lixo, exalando um odor forte que afasta o público. A percepção geral é de abandono, prejudicando o lazer e o turismo.

 

Especialistas em saneamento e meio ambiente identificam uma combinação de fatores que aceleraram a deterioração do açude ao longo dos anos. A engenheira sanitarista Amanda Torquato aponta três problemas centrais: a precária qualidade da água, o elevado volume de sedimentos no fundo e a recorrência de alagamentos no entorno durante períodos chuvosos.

O principal agente agravante é o assoreamento. O depósito contínuo de lodo, areia e outros resíduos, conforme estudado por Torquato, diminui significativamente a capacidade de armazenamento de água do reservatório. Esse volume reduzido, estimado pela prefeitura em 50% a 60% de sua capacidade total preenchida por sedimentos, torna o açude mais suscetível a transbordamentos e inundações em sua área circundante quando há chuvas intensas.

 

Diante do quadro crítico, a engenharia aponta caminhos para a recuperação. A engenheira Soahd Rached sugere que mecanismos existentes do açude sejam aproveitados. Ela cita a tomada de descarga, um registro que, se acionado, permitiria uma “lavagem física” para retirar o material depositado no fundo, o que hoje não ocorre. A água nova entra e sai pela superfície, deixando a camada de lodo e sedimentos estagnada no fundo, como uma caixa d’água sem limpeza adequada.

Rached também sugere o uso de sifões para extrair gradualmente o lodo acumulado nas partes mais profundas, perto do sangradouro. Essa técnica criaria um fluxo mais eficiente, promovendo a circulação da água e a remoção da massa depositada, que compromete o equilíbrio biológico e a qualidade da água.

A principal medida de longo prazo anunciada pela prefeitura de Campina Grande, por meio da Secretaria de Serviços Urbanos e Meio Ambiente (Sesuma), é a dragagem do Açude Velho. O engenheiro civil Marco Aurélio Coutinho confirmou que os projetos de desassoreamento, elaborados pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), já estão com a Secretaria de Obras (Secob), e os orçamentos estão sendo finalizados. A dragagem é considerada uma etapa fundamental para restaurar o volume do reservatório.

Enquanto a intervenção estrutural de dragagem não é executada, a Sesuma mantém ações paliativas. Equipes municipais removem resíduos flutuantes, lixo e material orgânico, além de realizar a manutenção nas áreas de acesso e canais. Esse esforço emergencial é complementado por campanhas de conscientização ambiental, visando mitigar o descarte irregular de lixo pela população, um fator que agrava a poluição de forma contínua.

A expectativa da sociedade e dos técnicos se concentra na agilidade para executar o projeto de dragagem, considerado vital para resgatar o Açude Velho de sua condição atual e devolvê-lo como um espaço de lazer e orgulho para a população paraibana.

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