Sebrae-PB e Governo na “Rota Culturas e Tradições”: A Paraíba reconta sua história

​Imersão no Agreste e Curimataú revela identidades ancestrais, do cuscuz ao labirinto, carimbando uma nova economia do afeto.

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​A Paraíba, além das praias e do seu notório forró, convida a uma viagem ao coração de sua identidade rural, abrangendo os municípios de Ingá e Mogeiro. Uma iniciativa do projeto Agentes de Roteiros Turísticos do SEBRAE-PB, em parceria com o Governo, FORTUVALE e atores locais, a Rota Culturas e Tradições redefine o turismo como um ato de pertencimento e de valorização da memória viva.

 

​A jornada tem início em Ingá, onde o sabor da tradição é personificado no Memorial do Cuscuz de Dona Lia. Este espaço, mais que um ponto gastronômico, é uma homenagem ao alimento que se tornou Patrimônio Imaterial e que, nas mãos de Dona Lia, representa um legado de empreendedorismo e resistência cultural, com o preparo mantendo o modo ancestral do “cuscuz cabeça amarrada” e a história do moinho herdado de sua avó indígena.

Ainda em Ingá, o trajeto conduz ao Monumento Natural Itacoatiaras, um imponente sítio arqueológico. As enigmáticas inscrições rupestres, entalhadas em uma rocha de gnaisse que se estende por 50 metros, são um portal para o passado remoto, guardando mistérios que datam de milhares de anos. A arte pré-histórica, tombada como Monumento Nacional, dialoga com a história recente da região.

Foto: Adri Felden/Argosfoto

O fio condutor da tradição segue em Chã dos Pereiras, onde a Associação das Labirinteiras mantém viva a arte do bordado labirinto, reconhecido como Patrimônio Cultural e Imaterial da Paraíba. Originária da Espanha, a técnica artesanal floresceu na comunidade e hoje é um motor de desenvolvimento sustentável e afirmação feminina, com peças que adornam desde o uso doméstico até nichos da alta costura.

Foto: Carlitos_paraiba

Mogeiro: do queijo premiado à força da farinhada

​Deixando o cenário de Ingá, a rota segue para Mogeiro, ascendendo à Serra do Cabral, um dos pontos mais elevados da região. Aqui, a experiência se aprofunda no turismo rural da Serra Verde, celebrada por sua culinária local e por produzir um dos queijos mais premiados do estado, fruto da pecuária tradicional e noturna, que garante um produto singular.

 

Em Mogeiro, o resgate histórico se manifesta no Memorial Casa de Farinha, um núcleo de cultura familiar que celebra o ciclo da mandioca. Visitantes têm a oportunidade de imergir na farinhada, acompanhando o processo artesanal, do ralar ao forno, e degustando o almoço rural com beijus e farinhas frescas. O percurso também inclui a visita à Bodega de Seu Antônio, um armazém de secos e molhados que resiste ao tempo, preservando a essência do comércio interiorano.

A conclusão do roteiro, em Mogeiro de Baixo, é um tributo à “cultura viva” e à força resiliente da sua gente. A Rota Culturas e Tradições se firma, assim, não apenas como um roteiro, mas como uma plataforma de encontro, onde o visitante testemunha a história e o cotidiano contados pelas próprias mãos que constroem e preservam o legado paraibano.

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