A música popular brasileira perde um de seus mais talentosos e discretos arquitetos: o cantor e compositor paraibano Ivan Santos faleceu nesta quarta-feira (26) em Frankfurt, na Alemanha, onde residia há mais de vinte anos. A notícia gerou comoção, especialmente entre artistas e personalidades de sua terra natal.
Conhecido por seu trabalho autoral e parcerias de sucesso, Santos deixa um legado com canções gravadas por um panteão de intérpretes, incluindo Elba Ramalho, Zé Ramalho, Ney Matogrosso, Erasmo Carlos e Paula Toller.
O auge de seu reconhecimento internacional veio com as colaborações ao lado do pernambucano Lenine. A dupla conquistou o Grammy Latino na categoria Melhor Canção Brasileira em Língua Portuguesa por duas ocasiões:
Em 2005, com a faixa “Ninguém Faz Ideia”, presente no álbum Lenine in Cité.
Em 2012, com “Amor é para quem ama”, do disco Chão.
Antes de estabelecer-se no exterior, Ivan Santos viveu 13 anos no Rio de Janeiro, consolidando sua trajetória como músico e compositor. Sua obra, embora muitas vezes cosmopolita, tendo buscado o crossover entre ritmos nordestinos, como baião e maracatu, e gêneros como blues, rock, pop e funk, nunca perdeu a conexão com as raízes brasileiras, conforme análises da imprensa europeia.
Homenagem e Memória de Juventude
O governador da Paraíba, João Azevêdo, lamentou a perda publicamente, revelando uma ligação pessoal com o artista que remonta à juventude. Azevêdo lembrou ter integrado uma banda com Ivan Santos nos tempos da Escola Industrial, onde o futuro compositor tocava baixo e o atual governador assumia a guitarra.
Em sua declaração, o governador destacou a amizade de longa data e a brilhante carreira musical de Santos, além de mencionar uma composição mais recente, “É de Coração”, a primeira canção de sua campanha à reeleição em 2022, cedida por Ivan.
A partida de Ivan Santos marca um momento de tristeza para a cena musical paraibana e brasileira, mas o repertório de sua vasta discografia, que também inclui álbuns solo como Songs from Nowhere e Grampeado, perpetua a memória de um artista que soube harmonizar a universalidade com a forte identidade cultural do Nordeste.
