O Brasil, definitivamente, virou o quintal de Axl Rose, Slash e Duff McKagan. Mal as lembranças da última passagem esfriaram e o Guns N’ Roses já está de malas prontas para uma nova e extensa turnê por aqui em 2026. É o tipo de compromisso que nos faz questionar: a relação é de amor incondicional ou banda adotou o país como seu destino de férias remuneradas favorito?
A turnê, carinhosamente batizada de “Because What You Want and What You Get Are Two Completely Different Things” (o que, ironicamente, pode ser uma alusão aos setlists imprevisíveis do grupo), desembarca em um ambicioso roteiro de nove cidades. A primeira parada de destaque será em Salvador, na Arena Fonte Nova, em 15 de abril, mas o frenesi de shows se espalha de norte a sul, com datas confirmadas em Porto Alegre, São Paulo (no festival Monsters of Rock), São José do Rio Preto, Rio de Janeiro, Vitória, Fortaleza, São Luís e Belém.

Para quem pensou que o auge da emoção seria a chance de ouvir os hinos atemporais como “Welcome to the Jungle” ou o épico “November Rain”, o verdadeiro suspense reside na logística dos ingressos. A banda, que sempre soube capitalizar sua aura de lenda, reservou a pré-venda inicial para os membros do seu fã-clube oficial, o Nightrain, um nome que evoca a velocidade e a agitação da música, mas que na prática, para o fã, significa uma maratona de espera e ansiedade. A divulgação da pré-venda, aliás, será feita exclusivamente para o público tupiniquim, uma cortesia que beira a piada interna, já que os shows no Brasil são quase um feriado não oficial no calendário do grupo.

Enquanto Axl se prepara para desfilar com seu gogó indomável e Slash afia a guitarra para mais um solo estrondoso de “Sweet Child O’ Mine”, o público se divide entre a euforia de reviver os anos 80/90 e a resignação de mais uma operação de guerra para garantir um lugar na plateia.
Aos fãs mais céticos, resta a pergunta: será que essa repetição de visitas não esvazia um pouco o mito? Ou será que o Brasil tem a sorte de ser o único lugar onde a turnê “Guns Forever” pode acontecer a cada dois anos? A resposta está na paixão inabalável do público, que estará lá para levantar a mão e cantar o riff de “Estranged” como se fosse a primeira vez.





