Lula minimiza prisão de Bolsonaro e reforça confiança no Judiciário

Em entrevista pós-G20, presidente critica pouco fazer comentário sobre o STF, mas destaca presunção de inocência; ele também relativiza ameaça de tensão com os EUA após declaração de Trump

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Em entrevista no encerramento de sua participação no G20, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva abordou a prisão preventiva decretada pelo ministro Alexandre de Moraes contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Lula afirmou que evita comentar decisões do Supremo, mas destacou que Bolsonaro “teve todo direito à presunção de inocência” durante o processo.

“A primeira coisa é que eu não faço comentário sobre decisão da Suprema Corte. A Justiça tomou uma decisão. Ele foi julgado, teve todo direito à presunção de inocência. Foram praticamente dois anos e meio de investigação, de delação, de julgamento. Ou seja, então, a Justiça decidiu, está decidido. Ele vai cumprir a pena que a Justiça determinou, e todo mundo sabe o que ele fez. Então, eu não tenho mais comentário a fazer”, disse Lula.

Lula também reagiu a declarações do presidente dos EUA, Donald Trump, que qualificou a prisão como “pena”. O líder brasileiro minimizou o impacto dessas críticas na relação bilateral, dizendo que não há desestruturação entre Brasil e Estados Unidos a partir desse episódio.

“Acho que não tem nada a ver. O Trump tem que saber que somos um país soberano e que nossa Justiça decide. E o que decide aqui está decidido”, disse o presidente.

A ordem de prisão partiu de Moraes na manhã deste sábado (22), fundamentada em supostos riscos concretos de fuga. A decisão menciona duas principais justificativas: primeiro, uma violação da tornozeleira eletrônica por parte de Bolsonaro, registrada pelo sistema de monitoramento integrado às 0h08 da madrugada. Segundo, Moraes aponta que uma vigília convocada pelo senador Flávio Bolsonaro poderia servir como palco para uma possível evasão sob o disfarce de mobilização de apoio.

Após ser preso pela Polícia Federal, Bolsonaro deve passar por audiência de custódia por videoconferência ainda neste domingo, conforme determinação da decisão de Moraes. A ordem também prevê atendimento médico contínuo ao ex-presidente, além de restrições de visitas, todas precisam ser previamente autorizadas pelo STF, exceto de advogados e equipe médica.

Autoridades do Judiciário, por sua vez, defenderam a medida. Ministros ouvidos pela imprensa sustentam que a prisão preventiva segue o rito legal e reflete risco real, especialmente diante da proximidade do trânsito em julgado da condenação de Bolsonaro.

Esse desdobramento representa um momento delicado na política brasileira, envolvendo dimensões judiciais, simbólicas e geopolíticas, com Lula preferindo uma abordagem cautelosa, mesmo diante de um quadro excepcional.

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