Xadrez político em xeque: prisão de Bolsonaro trava 2026 e força novo rumo à direita

​Estratégia do PL congela diante da decisão de Moraes, acelerando disputa por liderança e articulação pós-líder

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A determinação da prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), proferida pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), neste sábado (22), impôs um abrupto ponto de mudança no tabuleiro eleitoral de 2026. A medida não apenas interrompeu a agenda política do ex-presidente, mas congelou as articulações do Partido Liberal (PL) para a formação de palanques regionais e forçou uma reavaliação imediata da estratégia bolsonarista.

Antes da decisão, o calendário do PL dependia da capacidade de Bolsonaro de atuar como árbitro máximo. Reuniões cruciais, que definiriam nomes e decidiriam dissidências internas, foram canceladas. O ex-presidente havia solicitado ao STF permissão para receber aliados estratégicos, incluindo parlamentares de peso como Bia Kicis (DF) e Carlos Portinho (RJ), além do ex-candidato Padre Kelmon, justamente para consolidar seu poder de indicação e evitar o esfacelamento do grupo em nível estadual.

Reuniões de emergência e o vácuo de liderança

A resposta imediata da cúpula do partido revela a gravidade do impacto. O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e o líder na Câmara, Sóstenes Cavalcante, mobilizaram uma reunião emergencial em Minas Gerais, onde participavam de um evento evangélico. O objetivo: traçar a estratégia de reação e reordenar os planos eleitorais com o seu principal articulador fora de campo.

​A ausência forçada de Bolsonaro limita drasticamente seu acesso ao mundo externo e, consequentemente, sua influência nos bastidores. Analistas apontam que a restrição de visitas, todas condicionadas à autorização judicial, reduz a capacidade do ex-presidente de “nuclear” a direita. A situação acelera o que já se desenhava como um vácuo de liderança, obrigando a base bolsonarista a buscar uma nova identidade e, principalmente, figuras capazes de herdar seu capital político sem depender de seu aval diário.

O fator Tarcísio e a busca por uma Direita Moderada

Um dos encontros mais estratégicos que agora se encontra suspenso era com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), previsto para dezembro. A reunião era fundamental para o PL, visando consolidar uma aliança com a mais proeminente figura oriunda do bolsonarismo com potencial para voos nacionais.

Com Bolsonaro isolado, Tarcísio de Freitas e outros nomes despontam como focos de atração para a centro-direita que busca se desvincular da imagem mais radical e evitar o risco de fragmentação. A incapacidade de Bolsonaro de arbitrar e chancelar candidaturas com a mesma força de antes abre espaço para que as disputas internas se acirrem e para que forças externas, como o PSD de Gilberto Kassab, que já posiciona Tarcísio como seu “Plano A” para 2026, tentem moldar um projeto de direita mais pragmático e focado em gestão.

A nova dinâmica impõe ao bolsonarismo o desafio de manter sua competitividade e a fidelidade de sua bancada (a maior da Câmara, com 99 deputados eleitos em 2022) em um cenário onde seu principal nome está fisicamente ausente. A reorganização do campo conservador dependerá da velocidade e da eficácia com que novos líderes, sejam eles da família Bolsonaro ou “herdeiros” políticos, conseguirem preservar o legado ideológico em um contexto de intensa pressão judicial e readequação partidária.

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