Reviravolta na cautelar: risco de fuga e obstrução levam Bolsonaro para a PF

​Ministro do STF converte prisão domiciliar em preventiva e aponta violação de monitoramento e convocação de vigília como fatores decisivos.

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​A prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro, decretada na manhã deste sábado (22) pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), não é a execução imediata de sua pena definitiva, mas sim uma medida de urgência com o propósito de garantir a ordem processual e a aplicação da lei. A decisão substituiu a prisão domiciliar que estava em vigor desde agosto.

​O fundamento para a mudança do regime cautelar, acolhendo o pedido da Polícia Federal (PF) e com respaldo da Procuradoria-Geral da República (PGR), repousa em um quadro de iminência de risco de fuga e de obstrução da Justiça. Moraes destacou, em seu despacho, que a tornozeleira eletrônica do ex-presidente apresentou uma violação por volta de 0h08min deste sábado, configurando uma potencial tentativa de rompimento do dispositivo de monitoramento.

​Outro ponto considerado foi a estratégia de mobilização de apoio: a convocação pública de uma vigília nas proximidades da residência de Bolsonaro, feita por seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), foi interpretada como uma tentativa de dificultar a fiscalização da prisão domiciliar e criar uma cortina de fumaça que poderia facilitar uma eventual evasão. O ministro citou, inclusive, a localização da residência em relação ao Setor de Embaixadas, reforçando a preocupação com o histórico de investigações sobre planos de asilo em representações diplomáticas.

​A decisão também ecoa o caso de outros condenados no mesmo processo da tentativa de golpe de Estado, como o ex-diretor da ABIN Alexandre Ramagem, que se evadiu do país. A fuga de aliados políticos indicou para o magistrado uma estratégia coordenada para se furtar da aplicação da lei penal, elevando o risco de que Bolsonaro adotasse um caminho semelhante.

​Detido na Superintendência Regional da PF em Brasília, Bolsonaro está em uma Sala de Estado, um espaço adaptado com comodidades básicas (banheiro privativo, cama e mesa) reservado para autoridades com prerrogativa especial de recolhimento, seguindo o padrão de custódia individual e sem contato com outros detentos. Uma audiência de custódia por videoconferência foi marcada para este domingo (23).

​A defesa do ex-presidente havia protocolado na véspera um pedido de prisão domiciliar humanitária, alegando problemas de saúde que demandam atenção constante. No entanto, o surgimento de novos fatos, como a violação da tornozeleira e a convocação da vigília, precipitou a decisão pela preventiva.

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