A geometria austera do Centro Administrativo da Bahia (CAB) rendeu-se, nesta sexta-feira (21), à força bruta da meteorologia. O que deveria ser apenas mais um dia de expediente na Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA) transformou-se em um cenário de caos hídrico, onde o estacionamento da casa legislativa perdeu sua função estática para tornar-se um leito corrente, arrastando cones, cadeiras e a normalidade burocrática.
Não se tratou de uma precipitação trivial. Os dados da Defesa Civil de Salvador apontam para um evento extremo de concentração pluviométrica: mais de 110 milímetros de água desabaram sobre a cidade em um intervalo exíguo de duas horas. Para colocar em perspectiva, é uma violência atmosférica capaz de colapsar sistemas de drenagem muito mais robustos do que os existentes. O sistema de escoamento do CAB, incapaz de dialogar com tal volume, deixou a infraestrutura local submersa.
A gênese do transtorno remonta à última quinta-feira (20), com a chegada de uma frente fria que alterou drasticamente a dinâmica atmosférica soteropolitana. Antes do dilúvio no centro administrativo, a orla já sentia os prenúncios da instabilidade, com a Barra registrando rajadas de vento na casa dos 80 km/h, velocidade suficiente para causar danos estruturais e interrupção de serviços.
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Enquanto a água rearranjava o mobiliário urbano externo da ALBA, a mensagem deixada pelo clima é clara e dispensa emendas parlamentares: a infraestrutura da capital baiana, mesmo em seus centros nevrálgicos de poder, permanece refém de eventos climáticos que, embora severos, tornam-se cada vez mais recorrentes. O temporal não apenas alagou o asfalto, mas despiu a fragilidade do planejamento urbano diante de uma natureza que não respeita hierarquias administrativas.





