Bangkok testemunhou não apenas os preparativos para o Miss Universo 2025, mas uma inesperada insurreição de saias e coroas. O tradicional palco de glamour se transformou em arena política quando o dirigente tailandês, Nawat Itsaragrisil, confrontou publicamente a Miss México, Fátima Bosch, com um ataque verbal que culminou no insulto “burra”. O motivo: uma suposta recusa da competidora em se submeter integralmente à agenda de promoção do país-sede.

O que se seguiu quebrou o protocolo e a expectativa de subserviência historicamente ligada a esses eventos. Fátima Bosch não recuou. Sua exigência de respeito, “Não sou uma boneca para ser maquiada, penteada e ter a roupa trocada. Estamos no século 21”, transformou a humilhação em uma plataforma de poder.
O momento decisivo, contudo, ocorreu quando ela deixou o local. A ameaça de Itsaragrisil de desclassificação para quem a apoiasse falhou miseravelmente. Em um ato de solidariedade visceral, concorrentes de diversos países, incluindo a então Miss Universo Victoria Kjær Theilvig, seguiram Fátima. A imagem das misses unidas e marchando para fora selou o fim de uma era de silêncio.

A resposta da Organização Miss Universo (MUO) foi imediata e categórica, condenando o comportamento “malicioso” do dirigente e prometendo retaliações legais e administrativas. Raul Rocha, presidente da MUO, sinalizou a quase total exclusão de Itsaragrisil do evento.
O incidente de Bangkok transcende a fofoca de bastidores. Ele atesta uma mudança fundamental no ethos dos concursos. Não se trata mais apenas de desfilar um corpo ou um discurso ensaiado, mas de exercer a voz. Fátima Bosch, ao se recusar a ser silenciada ou controlada, transformou seu palco em um púlpito, provando que a verdadeira coroa é a autonomia.
A empatia demonstrada pelas candidatas sugere que o ativismo e a consciência social são, agora, requisitos inegociáveis para a beleza moderna





