Uma tragédia com requintes de premeditação rasgou o tecido social do pequeno município de Natuba, no Agreste paraibano, na noite da última quarta-feira (5). Lídia Fabrícia, uma educadora respeitada e ex-gestora escolar, foi sumariamente executada a tiros em sua própria residência, em um ato que choca pela violência e pelo perfil do principal suspeito.
A dinâmica do crime sugere uma emboscada calculada. Lídia estava em seu ambiente de trabalho, uma escola municipal, quando recebeu a informação de que era procurada em casa. Ao atender ao chamado, que a retirou de um local público e seguro, a professora foi confrontada pelo ex-companheiro, Ozires Souza.

Ozires, que já se candidatou a vereador em 2016 e atualmente ocupa a posição de servidor público municipal, é o alvo de uma intensa busca policial. De acordo com informações preliminares da 11ª Delegacia Seccional de Queimadas, responsável pela investigação em Natuba, o suspeito efetuou dois disparos contra a cabeça da vítima, fugindo imediatamente em seguida. A frieza e a precisão dos disparos qualificam o ato como feminicídio, uma violência fatal motivada pela condição de gênero.
O caso transcende a esfera da tragédia passional, levantando questões cruciais sobre o significado do papel público. Um indivíduo que buscou representação política e ocupa cargo na administração municipal é, agora, o foragido mais procurado da região, suspeito de ceifar a vida de uma figura central na educação da cidade. O contraste entre a função de servidor, que implica servir e proteger o cidadão, e o ato de brutalidade máxima, configura uma traição institucional à comunidade.
Enquanto o corpo de Lídia Fabrícia era encaminhado ao Instituto de Polícia Científica (IPC) em Campina Grande para a perícia legal, a cidade de Natuba se unia em luto e perplexidade. Além de décadas dedicadas à formação de jovens, Lídia deixa um filho de apenas nove anos, que agora enfrenta o trauma irreparável da ausência materna causada pela violência do pai.
As Polícias Civil e Militar mantêm as diligências ininterruptas na tentativa de localizar Ozires Souza. A Delegacia de Natuba, sob a coordenação da Seccional de Queimadas, concentra esforços para desvendar todas as circunstâncias e motivações desse crime que destrói uma família e exige uma resposta urgente das autoridades, reafirmando o compromisso com a proteção das mulheres, mesmo quando a ameaça reside no círculo mais íntimo.





