O final de semana nas redes sociais virou palco de um duelo geográfico inesperado, digno de uma comédia de erros, cortesia das prefeituras de Salvador e São Paulo. A gestão baiana, talvez num surto de orgulho praiano, resolveu lançar uma “saia justa” virtual, utilizando um vídeo da sua orla como isca para provocar a metrópole paulistana. A intenção era clara: comparar o balneário tropical com o concreto cinzento da capital paulista.
Veja o vídeo.
O tiro, contudo, saiu pela culatra com a elegância de um coqueiro caindo.
A resposta da Prefeitura de São Paulo veio sem citar diretamente a rival, mas com uma dose de ironia passiva-agressiva que acertou em cheio. O perfil oficial de SP rebateu a provocação com imagens que destacavam as extensas áreas verdes e a arborização da capital, um tapa de luva verde na face soteropolitana. A brincadeira, pensada para exaltar o mar de Salvador, acabou por escancarar um calcanhar de Aquiles ambiental da cidade.
Veja o vídeo.
O episódio é mais que uma simples troca de farpas digital; ele se choca com a delicada situação do prefeito Bruno Reis. A pauta ambiental tem sido um campo minado para a gestão, que enfrenta críticas contundentes sobre a preservação de áreas verdes. A cereja indigesta desse bolo é o dado oficial que coloca Salvador na incômoda posição de segunda capital menos arborizada do Brasil, um ranking onde o verde passa longe de ser a cor predominante.
Enquanto São Paulo exibiu seus pulmões urbanos, Salvador foi lembrada de que ter uma orla deslumbrante não compensa o déficit de sombreamento e qualidade de vida que as árvores proporcionam. A provocação, que deveria ser um ponto a favor da Bahia, tornou-se um bumerangue digital que voltou para assombrar a própria imagem da capital. No jogo do marketing político, a tentativa de hype virou um flop constrangedor, transformando o litoral baiano em cenário de uma lição: é melhor plantar árvores do que semear discórdia.





