“Revinda” chega a Olinda (PE) com uma performance de resistência e ancestralidade

Espetáculo de dança, música e poesia gratuita aborda as dores e celebrações do povo negro, com participação de artistas locais e oficina de frevo

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Foto: Vanessa Alcântara/Divulgação

No próximo sábado (18), a cidade histórica de Olinda será palco de uma performance cênica única, quando o espetáculo “Revinda” se apresenta, gratuitamente, na Praça Laura Nigro, no coração do Sítio Histórico da cidade. O evento, que integra a programação de ações contempladas pelo Funcultura, Secretaria de Cultura de Pernambuco (Secult-PE) e a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), promete atrair o público com uma programação recheada de cultura popular e arte de resistência.

A apresentação terá início às 16h, com uma oficina de frevo, conduzida pelos mestres Wilson e Francis, figuras representativas da tradição musical pernambucana. A oficina, que se estenderá até as 17h, antecederá o espetáculo principal, marcado para as 17h30. Após a apresentação, o público poderá participar de um bate-papo com os artistas, aprofundando-se nos temas abordados e nas inspirações por trás da obra.

Foto: Filipe Gondim/Divulgação

Criado por Rebeca Gondim e Maria Agrelli, “Revinda” é descrito como um grito cênico que mescla dança, música, artes visuais, poesia e Libras para exprimir as dores, revoltas e celebrações do povo preto e periférico. A obra também se configura como uma denúncia, uma reflexão sobre memória e resistência, trazendo à tona questões de ancestralidade, luta e a vida cotidiana da população marginalizada.

Em Olinda, o espetáculo contará com a participação de artistas locais, como Paloma Granjeiro, Mayara Ferreira, Neris Rodrigues e a renomada dupla de frevo Brincantes das Ladeiras, conhecidos por sua contribuição à cultura popular pernambucana. A dança e a condução do evento ficam por conta de Rebeca Gondim, que também assume o papel de mestra de cerimônias, guiando o público por essa experiência sensorial e transformadora.

O elenco fixo da produção conta com DJ Phino (música), Bárbara Regina (percussão), Joselma Santos (Corporeolibras) e João Guilherme de Paula (criação de luz). No entanto, o espetáculo se distingue por sua capacidade de se adaptar e se conectar com os artistas de cada local onde se apresenta. Essa articulação com coletivos e artistas locais em cada cidade tem sido uma das características marcantes da itinerância, ampliando as vozes e corpos em cena.

A artista Rebeca Gondim está à frente da peça Revinda – A artista Rebeca Gondim está à frente da peça Revinda

Itinerância e impacto cultural

Após a apresentação em Olinda, “Revinda” segue sua jornada pela Pernambuco com mais destinos confirmados, como Camaragibe (1º de novembro), Caruaru (8 de novembro), Triunfo (21 de novembro) e Arcoverde (23 de novembro). A escolha dos locais segue uma lógica afetiva e política, com a produção do evento priorizando territórios que desempenham papéis centrais na resistência cultural e na luta por direitos humanos.

A proposta de itinerância também é uma estratégia para valorizar os artistas e coletivos periféricos de cada cidade, conectando as diferentes manifestações culturais do estado. A reflexão proposta por “Revinda” busca criar uma rede de apoio e visibilidade para a arte marginalizada, ampliando a discussão sobre o papel da cultura na resistência contra o racismo e a violência institucional.

Origem e desenvolvimento da obra

O espetáculo surgiu a partir da performance “Terezinha”, criada por Rebeca Gondim em homenagem a Tereza Maria de Jesus, mãe de um menino de 10 anos assassinado pela polícia no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, enquanto brincava. A performance, inicialmente um solo de dez minutos, cresceu e se transformou em um espetáculo de 50 minutos, incorporando outras expressões artísticas e ampliando sua mensagem de resistência.

O projeto, assim como a trajetória de Gondim, é uma manifestação artística de denúncia, que questiona a violência policial e o sistema racista ao qual os corpos periféricos e negros estão constantemente expostos. O trabalho se apresenta como um grito de resistência e, ao mesmo tempo, uma celebração da vida e da cultura do povo negro e periférico.

Com assessoria

> Serviço:

Espetáculo “Revinda” em Olinda
Sábado (18.10)
Onde: Praça Laura Nigro – Sítio Histórico de Olinda
Horários:

> 16h – Oficina de frevo com Brincantes das Ladeiras

> 17h30 – Espetáculo “Revinda”
Quanto: Gratuito
Classificação indicativa: Livre

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